Ironia é a combinação de circunstâncias, cujo resultado é o direto oposto do que poderia ser esperado.
Paradoxo pode ser uma declaração aparentemente absurda, embora talvez realmente bem fundamentada.
Estas definições foram dadas pela psicóloga Lisanne Bainbridge em 1983, no artigo "Ironias da Automação".
A ironia da automação aponta para as consequências não intencionais do aumento da automação. À medida que os sistemas se tornam mais autônomos, o papel do operador humano muda de participante ativo para monitor passivo, o que pode levar a uma diminuição na vigilância e a um aumento no tempo de resposta a falhas inesperadas.
No artigo a psicóloga tratava a "Ironia da Automação" como uma ironia e um paradoxo..., 41 anos depois ela continua mais relevante do que nunca. Vivemos em uma era em que a automação permeia quase todos os aspectos da vida moderna, desde a produção industrial até a tomada de decisões financeiras e a direção de veículos autônomos. No entanto, as preocupações levantadas por Bainbridge em 1983 não só permanecem válidas, como se tornaram ainda mais complexas.
À medida que a automação avança, os operadores humanos são cada vez mais afastados das operações de rotina, e a dependência da tecnologia aumenta. Ironicamente, essa dependência pode criar um ciclo vicioso: menos intervenção humana leva a menos prática, e menos prática leva a uma diminuição nas habilidades e na capacidade de resposta em situações críticas. Isso cria um paradoxo moderno onde, em vez de eliminar o erro humano, a automação pode torná-lo mais provável em momentos decisivos.
Além disso, novos desafios surgem com a integração de inteligência artificial e aprendizado de máquina. As decisões automatizadas, embora precisas na maioria dos casos, podem ser opacas para os operadores humanos, que muitas vezes não entendem os processos complexos por trás das ações dos sistemas. Isso aumenta a dificuldade em intervir de forma eficaz quando algo dá errado.
Recentemente a atriz Denise Fraga citou que uma dificuldade do público atual é captar ironias. Segundo ela, como o humor está sempre presente em seu trabalho, a resposta da plateia é muito sonora e isso deixa o seu ouvido treinado, logo, ela percebe que o público não entendeu a ironia... o público esta muito rasteiro e passa o dia nadando na superfície, sem mergulhar. E assim, nossa capacidade de imaginar está cada vez mais comprometida, porque os aparelhos digitais nos dão imagens prontas.
Ou seja, a ironia da automação também afeta a ironia da linguagem e nos empobrece... que paradoxo, não?
O legado de Bainbridge nos lembra que, ao projetarmos e implementarmos sistemas automatizados, é crucial manter um equilíbrio cuidadoso entre a eficiência tecnológica e a capacidade humana de supervisão e intervenção. A ironia da automação não é apenas uma curiosidade teórica, mas uma realidade prática que continua a desafiar engenheiros, psicólogos, e profissionais em todos os campos que lidam com tecnologia avançada.
A ironia da automação
23/Ago/24autor: Emerson DiasÚltimas Postagens
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