Desde os anos 90 adotou-se em São Paulo o sistema de rodizio de veículos, onde carros não podem circular um dia da semana, entre 7:00 e 10:00 da manhã e ao final do dia entre 17:00 e 20:00h, o controle é feito pelo número final da placa do veículo, as segundas não podem circular os carros com placa final 1 e 2, às terças 3 e 4 e por aí vai, todo paulistano motorizado conhece o seu dia de rodízio.
Numa certa multinacional europeia, as margens de uma rodovia, um pouco distante da cidade, por coincidência sempre as quartas feiras ocorria um certo diálogo...
Ronald, precisamos falar hoje no fim do dia!
Chefe, eu não posso por causa do rodizio.
Tudo bem Peter, amanhã cedo falamos então, diz o compreensivo chefe.
Passados alguns dias, lá vem o chefe novamente:
Ronald, hoje ao fim do dia quero conversar contigo, diz o chefe, e eis que ouve, senhor hoje não posso é dia de rodizio, tudo bem passarmos para amanhã cedo?
Esse diálogo ocorria de tempos em tempos naquela empresa, até que numa quarta-feira qualquer de outono o chefe pede ao Ronald propositadamente para ficar um pouco mais, e já esperando a resposta, ele diz: já sei, o senhor não vai poder ficar mais no escritório por causa do rodízio não é mesmo?
Não, senhor, responde o Ronald, eu “pode” ficar hoje, não tem mais rodízio.
Ah é, que bom, mas sabe que eu estava checando as vezes que pedi para que você ficar no fim do dia no escritório e era sempre as quartas feiras, mas olha, isso nunca foi propositadamente, é que os problemas por coincidência sempre aconteciam as quartas-feira.
É eu entendo senhor, diz Ronald.
E agora qual é o novo dia do seu rodizio? Diz o chefe.
Não tem mais rodizio senhor!
Ah é vendeu o carro?
Não senhor, nunca tive carro!
Não? Como assim, e todas as quarta-feira que você não podia ficar no fim do dia porque tinha rodizio, o senhor mentiu para mim?
“Claro que não chefe, jamais mentiria, eu nunca tive carro, apenas as quarta-feira feiras eu janta com minha mulher no rodízio da churrascaria aqui ao lado, e como eu usa o ônibus fretado que sai as 17:45 eu preciso sair no máximo as 17:30h do escritório, nos demais dias quando preciso ficar um pouco mais tarde eu pego um taxi, mas as quarta-feira é o dia que me dou de presente para jantar o prato que me apresentaram quando cheguei aqui no Brasil, eu e minha mulher temos esse compromisso semanal”.
Entendi.... diz o chefe que acabara de perceber que sua agenda não previa conhecer de verdade sua equipe, E por que não tem mais rodizio? ele pergunta?
Viramos vegetariano chefe!
Ah a comunicação nas organizações...
Este texto saiu primeiro na ANEFAC: http://revistaanefac.com/edicao/194/lord-excraha/
Se você tem um causo inusitado, engraçado ou curioso envolvendo o mundo corporativo para contar, envie para esta coluna pelo e-mail comunicacao@anefac.com.br, que nosso lorde está pronto para escrachar. Mas pode ficar tranquilo, como todo lorde que se preze, Lord Excrachá é discreto. (Importante: As identidades dos colaboradores desta coluna não serão divulgadas.) Lord Excrachá é criação de Emerson W. Dias, diretor de Liderança e Gestão de Pessoas da ANEFAC e fundador do portal e da série de livros O Inédito Viável.