Blog do Inédito

As mulheres no mercado de trabalho
27/Jun/16autor: Emerson Dias
As mulheres no mercado de trabalho

Embora progresso esteja sendo feito, a diversidade de gêneros continua a ser uma questão crítica de negócios. Apesar de ligeiras melhorias nas percepções de igualdade de remuneração e de oportunidades de carreira, os empregadores ainda não estão fazendo o suficiente para reduzir a divisão de gênero no ambiente de trabalho.

Estatísticas mostram que a desigualdade tem diminuído na última década. No entanto, esta diminuição tem sido lenta e irregular. Segundo a previsão do Fórum Econômico Mundial, será preciso esperar até 2095 para que a igualdade de gêneros aconteça, caso o ritmo das transformações continue o mesmo.

Uma pesquisa da Robert Half, empresa especializada em recrutamento, concluiu que a distância entre os gêneros está presente não só na questão de equiparação salarial, mas, principalmente, nas oportunidades de crescimento, desenvolvimento e respeito pelas mulheres.

O estudo ‘Mulheres e o Mundo Corporativo’, realizado com cerca de 300 profissionais brasileiras em fevereiro de 2016, mostra que 66% delas já sofreram preconceito no trabalho. Além disso, 60% das entrevistadas dizem ter escutado comentários preconceituosos e 47% já tiveram suas habilidades questionadas em momentos de crise.

A Lean In, organização fundada por Sheryl Sandberg, COO do Facebook, para ajudar as mulheres a conquistar seus objetivos e identificar os obstáculos que elas enfrentam, propôs cinco maneiras de diminuir a desigualdade dentro das empresas. Confira:

Estabelecer e acompanhar métricas. Entender o tamanho do problema é fundamental para melhorar o cenário. Entre as métricas sugeridas estão taxa de promoção para homens e mulheres, salários, satisfação com o cargo, número de homens e mulheres contratados e disposição para ocupar cargos mais altos.

Demonstrar que a diversidade de gênero é uma prioridade. Executivos podem participar de eventos com mulheres e mostrar publicamente que apoiam os talentos femininos. As empresas podem investir em iniciativas de apoio às mulheres, além de estabelecer metas de gênero.

Identificar e evitar decisões prejudiciais. As empresas podem treinar seus funcionários a identificar e combater decisões com viés de gênero na hora de avaliar e contratar, o que é especialmente importante no caso de gestores. 

Repensar o trabalho. É preciso oferecer flexibilidade aos funcionários e, mais importante do que isso, deixar claro que usar os benefícios não será motivo de punição.

Criar condições para o equilíbrio. Incentivar gestores a fazerem mentoria com as mulheres é um jeito eficiente de apoiar a carreira delas. A empresa pode criar um programa formal para que isso aconteça e que os gestores incluídos no programa sejam reconhecidos por esse apoio. Além disso, criar oportunidades de interação informal entre homens e mulheres é importante. O relacionamento pessoal ajuda a criar uma relação profissional que auxilia as mulheres durante suas carreiras.

Potencial da diversidade de gênero

Ao abrir as portas para a diversidade, as empresas terão acesso a uma nova gama de talentos e serão capazes de melhorar seu desempenho, aumentar o negócio e garantir um futuro de sucesso. Os benefícios da diversidade no local de trabalho são comprovados e tangíveis. Confira alguns:

Inovação. Ela é um diferencial muito importante para muitas organizações, pois as permite chegar a novos serviços, produtos ou melhores formas de prestar esses serviços e produtos.

Em um estudo da revista Forbes que contou com 321 grandes empresas globais, de pelo menos US$ 500 milhões em receita anual, 85% concordaram ou concordaram fortemente que a diversidade é crucial para promover a inovação em sua força de trabalho. 

Melhoria na atração e retenção de talentos. Uma solução óbvia para combater a escassez de competências é aproveitar a flexibilidade que um banco de talentos diversificado oferece.

Uma equipe diversificada também passa uma forte mensagem para os futuros candidatos de que a sua organização tem um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo. Isso pode ser um diferencial muito eficaz para atrair talentos-chave no mercado.

Melhor desempenho financeiro. Estudos divulgados nos últimos anos mostram que a contratação de especialistas diversificados pode melhorar o desempenho financeiro de uma empresa. A McKisney & Company publicou um relatório concluindo que "se todos os países investissem na igualdade dos gêneros, o PIB mundial poderia aumentar em até US $ 12 trilhões até 2025".

Além disso, a revista Fortune fez um levantamento e concluiu que as empresas lideradas por mulheres tiveram desempenho três vezes maior do que as 500 melhores companhias selecionadas pela Fortune 500 entre os anos de 2002 e 2014, que são predominantemente dirigidas por homens. Ou seja, tornar a igualdade de gêneros e a própria diversidade uma prioridade nos negócios pode levar a benefícios financeiros e ajudar a empresa a alcançar seu máximo potencial.

Cultura meritocrática. Diversidade também cria um ambiente onde os funcionários são encorajados a serem o melhor que podem ser independentemente do sexo, idade, deficiência ou nacionalidade.

Idealmente em um local de trabalho que atua como uma verdadeira meritocracia, as melhores pessoas serão promovidas e as melhores ideias serão implementadas. As pessoas que querem participar, precisam se aplicar no trabalho, mostrar resultados e ganharem respeito, sendo então recompensadas e promovidas. O desafio que muitas organizações enfrentam hoje no Brasil, é decidir quais são as ações que podem tomar para melhorar o nível de rendimento dos funcionários.

Características

Cada vez mais fica comprovado que organizações mais diversificadas possuem, não apenas performance melhor do que aquelas menos diversas, mas também são mais propícias a atrair e reter os profissionais mais talentosos. “Times mistos, nos quais homens e mulheres cooperam em todos os níveis da organização, desenvolvem melhores produtos e serviços”, diz Emerson Weslei Dias, consultor de carreira e autor do livro O inédito viável na gestão de pessoas. O especialista listou três atributos femininos importantes para a demanda atual:

Capacidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo; o mundo é múltiplo, tudo acontece ao mesmo tempo em todos os lugares, vide as novas gerações com seus interesses e tarefas múltiplas.

Uso da intuição; em tempos modernos, errar pode ser fatal, ter intuição e entender os desejos do cliente, para onde o mercado está mirando, são atributos essenciais para qualquer organização.

Rapidez por entender a comunicação não verbal; Para lidar com equipes múltiplas e diversas culturas é necessário ler os sinais.

Para Dias, essas demandas, importantes para os tempos modernos, são facilmente detectadas nas mulheres. Contudo, o fato de o poder ainda ser muito masculino faz com que elas não consigam se inserir neste ambiente.

Outra barreira é que a mulher ainda tende em abrir mão da carreira por conta dos filhos, “Mesmo que a responsabilidade dos filhos seja do casal, em geral, na prática, o que vemos são mais mulheres cuidando dos filhos do que homens”, observa.

Dessa forma, a combinação do ambiente ainda masculino com a dedicação à família reduz a quantidade de mulheres nos cargos de liderança e, consequentemente, a redução da remuneração.

Ambição feminina

Um estudo realizado pela consultoria de recrutamento Hays aponta que 89% das mulheres brasileiras aspiram assumir cargos de liderança, como o de CEO, diretora ou gerente. O levantamento foi realizado globalmente com 11.500 especialistas de recrutamento.

De acordo com os resultados, as brasileiras estão entre as mais confiantes em suas carreiras (68%), dentre todos os países pesquisados. As brasileiras também lideram o ranking de mulheres que se consideram preparadas para compartilhar suas aspirações no ambiente corporativo, em comparação aos demais países: 66% das entrevistadas no País acreditam que podem comunicar suas ambições na empresa.

Questionadas se acreditam que colegas de gêneros distintos são remunerados de maneira igual, 51% das mulheres, no Brasil, disseram que sim.

E o futuro?

Em 1997 Hillary Clinton fez um discurso em Pequim sobre o tema, e apenas 30% dos participantes na plateia era homens, como poderemos mudar o cenário, se apenas 30% dos homens se dedicam ao assunto? “É como querer que a criança corra sem antes andar com auxílio dos braços dos pais, é preciso ter apoio masculino para que o cenário seja mais igualitário”, diz Emerson, lembrando que é tarefa de todo executivo pensar nisso, como disse Emma Watson em seu discurso na ONU quando foi lançado o programa HeForShe (eles por elas) senão eu quem? Se não agora quando?

Veja as entrevistas:

Tribuna Independente

https://www.youtube.com/watch?v=EnLECS8rAsM

Nosso Programa

https://www.youtube.com/watch?v=4arMLoSeuis

 

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