Será que é por ai?
O melhor exemplo para fazer com que as pessoas entendam a importância de se ter indicadores de desempenho é uma figura como a charge acima, retirada do meu livro O inédito Viável.
A amiga tem a percepção de que a balança é algo ruim, porque provavelmente quando sua mãe a usa vê que seu peso não é aquele que ela desejaria que fosse, daí o choro.
Essa charge é emblemática, pois representa o que a maioria das pessoas faz de maneira inconsciente ou sem disciplina: sem ter indicadores, se iludem fazendo contas mentais e não pragmáticas e cartesianas.
O economista comportamental norte-americano Richard Thaler foi quem usou, pela primeira vez, o termo “contas mentais”. São contas que não fecham porque nunca são inseridas numa calculadora; são imaginações apenas.
Aprendi nas aulas de Psicologia Econômica que temos a crença infundada na capacidade do autocontrole futuro, porém, autocontrole só existe no presente. Ninguém pode saber como irá se comportar numa queda de avião, isso só será definido se você se encontrar nessa situação, logo, você só tem o autocontrole (quem tem) no presente.
Iludimo-nos pensando que “amanhã tudo será mais fácil”, “um dia eu vou resolver”, “quando chegar a hora, eu saberei”. São apenas frases, palavras soltas que, com o passar do tempo, não nos mostram fatos, dados, indicadores e evidências sobre como e quando poderemos alcançar objetivos previamente propostos. Contas mentais que fazem com que nos percamos ao longo do tempo, até o dia em que nos damos conta de que aquela promessa de parar de fumar já completou doze meses, que aquela promessa de regime feita há oito meses não evolui porque ainda nem começou, aquela promessa de se matricular no curso de inglês já está fazendo aniversário de cinco anos e a de voltar a estudar então... “Nossa, falei contigo pela última vez no casamento daquela nossa amiga... e, agora, ela já está com um filho de três anos. E eu não voltei a estudar... que coisa incrível! ”. Acredito ser bem comum esse diálogo.
Todos nós somos procrastinadores por natureza, já dizia o professor Vicente Falconi, e fazer contas mentais definitivamente não é a melhor saída.
Colocar no papel, na agenda, num caderno, no Ipad, no Iphone, no Excel, num papel de pão, num papel de churros, não importa... mas escrever as metas e definir indicadores para medir seu progresso, é o primeiro passo para fazermos os nossos planos darem certo.
Indicadores de desempenho são fundamentais para realização de qualquer objetivo, no nosso dia a dia, somos bombardeados por uma série de indicadores. São tantos que, muitas vezes, nem nos damos conta.
Quando assistimos a um jornal na TV, os apresentadores falam dos índices de criminalidade, dos índices de inflação, dos índices de obesidade da população, do crescimento das vendas de carros, das vendas do varejo, do PIB, do crescimento da população, em época de eleição, as pesquisas de intenções de voto e, vez por outra, pesquisa de popularidade dos presidentes.
Todos esses indicadores servem para ser comparados com o histórico ou para projetar o futuro. Enfim, são indicadores que auxiliam, a quem está fazendo as contas, na tomada de decisões e entendimento de comportamentos e tendências.
Podemos citar algumas das funções dos indicadores:
1-Indicar, sinalizar de maneira clara e transparente;
2-Possibilitar a identificação da origem do problema;
3-Possibilitar a mostra de desempenho do negócio, do processo, da área, do turno, da operação, da loja, da fábrica, da escola, da pessoa, etc;
4-Possibilitar a realização das análises dos resultados;
5-Permitir a tomada de decisão com mais segurança;
6-É um ótimo meio de comunicação – os números falam mais que as palavras.
Logo, se meu objetivo este ano foi, guardar R$ 10 mil até o fim do ano, o indicador seria, até o fim de janeiro deveria ter guardado R$ 833,33 e em fevereiro, R$ 1.666,66 (duas vezes R$ 833,33) e assim por diante, do mesmo modo se a decisão foi perder 10kg neste ano, ao final de Fevereiro, olhe o desafio, já que fevereiro tem Carnaval, teria que ter perdido 1.66 Kg (833 gramas por mês).
O professor Falconi certa vez disse: “Os indicadores são características numéricas sobre as quais é necessário exercer controle”. E você leitor, tem mantido controle de seus indicadores?
Afinal, “Quem não mede não gerencia; o gerenciamento começa pelos indicadores” frase marcante de Kaoru Ishikawa, serve a nossa amiga da charge que ilustra esse texto, não tenha medo de subir na balança, medir é necessário.